Mundo
Nos mercados internacionais, tivemos mais uma rodada de números de inflação abaixo das expectativas, em particular nos EUA. Mesmo assim, os dois principais bancos centrais – o Fed e o BCE – mantiveram a retórica hawkish (austera), explicando que a redução do passo do ciclo de aperto monetário não quer dizer afrouxamento da política de combate à inflação. No caso do Fed, o comitê de política monetária revisou para cima a inflação esperada para 2023, assim como a taxa terminal da Fed Fund Rate. No caso do BCE, a postura austera dos seus membros fez com que a precificação de mercado subisse de sub 3% para 3,5% de taxa terminal. Com isso, as bolsas americanas terminaram o mês devolvendo grande parte dos ganhos de novembro. Concordamos com o tom mais austero dos bancos centrais dada a resiliência do mercado de trabalho, em particular nos EUA, e uma inflação de serviços e núcleos que segue bastante acima das metas, apesar da melhora recente. Aproveitamos a reprecificação da curva europeia para zerar a posição tomada em juros nesta região, e reabrimos uma posição tomada em juros curtos na curva americana por ela precificar uma taxa terminal abaixo da taxa projetada tanto pelo Fed como pelos nossos economistas. Seguimos atribuindo baixa probabilidade ao cenário de soft landing nos EUA, e por isso, temos mantido uma posição net vendida na bolsa americana.
Brasil
No Brasil, após a grande piora nos preços dos ativos no mês de novembro, houve uma certa acomodação em dezembro. O mercado de juros foi o mais beneficiado com essa “melhora”, com as taxas caindo entre 30 e 50bps. Aproveitamos esse movimento para reduzir a posição aplicada. Apesar do fundamento ex-fiscal ser muito positivo para posições doadas em juros, o desinteresse do atual governo pela responsabilidade fiscal parece ser um empecilho bastante grande para que os juros futuros caiam de forma consistente nas próximas semanas, talvez meses. Ainda gostamos da posição aplicada diante do quadro de desinflação e desaceleração da economia brasileira, que abriria espaço para o Banco Central cortar juros muito em breve. No entanto, diante das sinalizações até aqui dadas pelo novo governo e da indefinição quanto ao novo arcabouço fiscal, é de se esperar que o BACEN seja ainda mais cauteloso, havendo o risco de não poder cortar a taxa Selic, se a política fiscal levar à desancoragem das expectativas de inflação e/ou do câmbio. Além da posição aplicada em juros, temos também uma pequena posição vendida na bolsa brasileira quer pela piora do ambiente regulatório/institucional do Brasil, quer pela postergação do eventual ciclo de corte de juros.