Mundo
Abril foi um mês ruim para os ativos globais. Tanto bolsas como moedas tiveram perdas consideráveis. Para além do mal estar com o aperto monetário nos E.U.A, as novas medidas restritivas na China diante da onda de Covid, adicionaram medo de que uma recessão possa se avizinhar. A continuidade da guerra na Ucrânia com a Europa caminhando para um embargo ao petróleo russo também contribuiu para o mal estar nos mercados, levando a fortes quedas nos preços dos ativos. A diferença do movimento de maio para outros episódios recentes de aversão a risco foi que, dessa vez, o dólar americano se fortaleceu contra a grande maioria das moedas, tanto desenvolvidas quanto emergentes. Até então, as moedas emergentes, em particular o real, vinham se beneficiando de um ambiente com preços de commodities elevados. Uma possível explicação para essa contaminação é que, agora, o medo marginal do mercado originou-se na China, com o receio de recessão expandindo-se dos E.U.A. para outros países, de tal modo que o dólar voltaria a desempenhar o papel de safe heaven (porto-seguro). Mesmo diante deste cenário, as taxas de juros nos E.U.A. e na maioria dos países desenvolvidos encerram o mês próximas das máximas, já que os dados de inflação continuaram a surpreender para cima. Com relação ao nosso portfólio, fizemos mais proteção para a carteira de ações americanas através do mercado de opções. Reduzimos pela metade a posição comprada em juros futuros americanos, conforme a precificação da curva para a taxa terminal aproximou-se de 3,5% e os riscos de recessão aumentaram. Diante destes riscos, também aumentamos a posição de flattening (redução da inclinação) na curva de Treasuries e compramos opções para uma eventual queda nas taxas, caso o cenário de recessão e aversão a risco se intensifique.
Brasil
Apesar da ainda boa performance no ano, o Brasil não passou ileso a esta correção com a Ibovespa e o real sofrendo perdas consideráveis ao longo do mês. Mesmo com as contas externas ajustadas, os juros em dois dígitos e os preços de commodities ainda elevados, a nossa moeda sofreu neste ambiente de aversão a risco com os investidores estrangeiros reduzindo posições em Brasil. Diante do cenário mais turbulento, cortamos pela metade as nossas posições em valor relativo compradas em real e vendidas em bolsa, assim como as compradas em real e compradas nos juros brasileiros. Além do ambiente externo mais hostil, a comunicação recente do Banco Central sinalizando o fim do ciclo também contribuiu para a redução das posições. No entanto, vale notar que o cenário inflacionário global, com novos choques nas cadeias produtivas, segue bastante complicado e há o risco de o BC não conseguir encerrar o ciclo de aperto monetário na reunião de maio. No Brasil, as medidas do núcleo da inflação, assim como as expectativas para 2023, continuaram a se deteriorar e a recente depreciação do real não ajuda o Banco Central no processo re-ancoragem das expectativas. Trata-se de um cenário desafiador. De modo geral, seguimos sem grandes posições em Brasil.