Junho/2022 – Parcitas Hedge FIC FIM

Mundo

 

Junho foi um mês bastante difícil para os ativos globais com os números de inflação mais uma vez surpreendendo para cima, ao passo que alguns indicadores antecedentes de atividade (como os PMIs dos E.U.A. e da Europa) surpreenderam para baixo, aguçando o receio do mercado com a chegada da provável recessão. Os bancos centrais ao redor do mundo, encabeçados pelo Fed, seguem reagindo à persistência da inflação e entregaram altas expressivas nas taxas de juros, com o banco central americano elevando a Fed Fund rate em 75bps, após mais uma surpresa altista no CPI (índice de inflação americano). Essa combinação de inflação alta com os primeiros sinais baixistas para atividade materializa um cenário desafiador para os ativos de risco, uma vez que caracterizaria um cenário de estagflação, que costuma ser bastante ruim para bolsas e ativos de países emergentes. Entendendo a dificuldade do cenário, mantivemos o fundo com uma exposição líquida à bolsa próxima de zero, embora sigamos comprados em alguns papéis do setor de tecnologia americano (cujo valuation nos parece muito atrativo) e vendidos nos índices brasileiro e americano – Ibovespa e SPX (S&P500), respectivamente. Depois do forte aumento das taxas de juros americanas e globais, às vésperas da reunião do FOMC, reduzimos a nossa posição tomada na curva americana. Embora sigamos preocupados com a inflação e as respostas dos governos ocidentais sejam no sentido de suportar mais demanda em economias já bastante aquecidas, estamos mais cautelosos com as posições tomadas em juros, uma vez que as curvas já precificam altas expressivas e o passar do tempo nos deixa mais próximos de uma provável recessão.

 

 

Brasil

 

Já no Brasil, os ativos sofreram ainda mais devido à acentuada queda nos preços das commodities (exceto do petróleo) e aos novos gastos fiscais sugeridos pelo governo e aprovados pelo Congresso. Sob o pretexto de ajudar a população a lidar com a alta do custo de vida, o governo cria novas despesas, supostamente temporárias, e assim, acaba por dificultar o trabalho do Banco Central no combate à inflação e por consumir boa parte da melhora fiscal, oriunda da alta das commodities e da elevada inflação nos últimos 12-18 meses. Difícil imaginar que estes novos gastos e benesses fiscais sejam revertidos no início de um novo governo, ainda mais se for o caso de um governo de esquerda. Depois de sucessivas surpresas positivas do front fiscal, o esforço do governo para melhorar a popularidade do presidente, trouxe à tona, novamente, a preocupação com a sustentabilidade fiscal do Brasil, impondo mais prêmio de risco aos ativos brasileiros. Dada a dependência da nossa performance fiscal ao preço das commodities e ao risco de uma recessão que se avizinha, entendemos essa precificação como pertinente, e seguimos sem posições direcionais em Brasil. Embora alguns papéis da bolsa pareçam baratos e as taxas de juros longas pareçam altas, a incerteza quanto ao arcabouço fiscal do país e a complexidade do cenário externo têm nos deixado cautelosos. Seguimos apenas com a posição de valor relativo comprada em real e vendida em Ibovespa, por se beneficiar de uma taxa Selic bastante elevada, contas externas ajustadas e perspectiva de crescimento futuro não muito promissora.

 

 

 

 

 

 

Parcitas Investimentos

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