Mundo
Em março, assistimos a mais uma rodada de números altos de inflação ao redor do mundo, em particular nos E.U.A e na Europa. O Fed deu início ao ciclo de aperto monetário, elevando o Fed Fund Rate em 25bps e sinalizando estar pronto para acelerar o ritmo para 50bps, já na próxima reunião. O grande tema global segue sendo inflação e se o Fed será capaz de levar à economia americana a um soft landing (isto é, reduzir a inflação sem levar a uma recessão). Certamente não se trata de uma tarefa trivial, ainda mais quando se parte de níveis tão elevados de inflação O fundo segue posicionado dentro deste tema, com posição tomada em juros nos EUA e com aproximadamente 20% em ações de empresas americanas na carteira, sendo ainda um percentual bem menor do que tivemos ao longo do ano passado. Embora as discussões e o posicionamento do fundo reflitam a questão da inflação e do aperto monetário em curso, já começamos a discutir o risco de os E.U.A entrarem em recessão ao longo dos próximos trimestres. Como se não bastasse o aperto monetário, novos problemas constrangem as cadeias produtivas globais (guerra na Ucrânia e novos lockdowns na China) e assistimos mais um choque no preço de energia. Isso tudo somado impõe um risco não desprezível para atividade global adiante.
Brasil
Já no Brasil, os dados de atividade e de fiscal seguiram surpreendendo positivamente. O sustentado rally nos preços das commodities tem ajudado em ambas as frentes e permitiu que os mercados acomodassem as recentes medidas populistas do governo, sem maiores estresses. Estamos caminhando para um resultado primário próximo do zero no final do ano, apesar da nova gastança do governo. Reconhecemos a melhora fiscal, porém uma parte significativa dela é oriunda da melhora dos nossos termos de troca, o que nos mantém cautelosos com a sustentabilidade da performance atual. O que acontecerá com o resultado primário quando os preços internacionais das commodities caírem?
Com relação à política monetária, o Banco Central sinalizou que está próximo de encerrar o ciclo de aperto monetário, dado o tamanho do ajuste já implementado. Apesar desta vontade, o cenário inflacionário global e brasileiro requer cuidado e não descartamos que o BC tenha que prosseguir com o ciclo para além da reunião de maio. Zeramos a posição tomada em juros no início do mês, mas seguimos debatendo se não é o caso de remonta-la diante das pressões inflacionárias que ainda vislumbramos pela frente. Embora tenhamos reduzido, seguimos com a posição em valor relativo vendida em Ibovespa e vendida no dólar que se beneficia tanto do patamar da Selic em dois dígitos como de um cenário de crescimento bastante modesto para Brasil, apesar da melhora recente na margem.