Dezembro/2024 – Parcitas Hedge FIC FIM

 

O fundo Parcitas Hedge FIC FIM encerrou o mês com retorno nominal mensal de -0.39% e acumula retorno no ano de 6.24% (57% CDI). 

 

Mundo 

O mês de dezembro começou de forma promissora, com dados econômicos robustos, como o ISM de manufatura e o JOLTS (emprego), que surpreenderam positivamente os analistas. No entanto, a euforia inicial deu lugar a um clima de cautela, especialmente após a divulgação dos dados de criação de vagas de emprego, que ficaram aquém das expectativas, mesmo após a recuperação de postos afetados pelo furacão em novembro.
Adicionalmente, os números do CPI, embora ainda elevados no Core, mostraram uma queda significativa no OER, indicando uma possível desaceleração no padrão inflacionário, um sinal que pode facilitar a convergência da inflação para a meta do Fed. Contudo, a reunião do FOMC e as projeções do SEP revelaram uma elevação nas estimativas de Core PCE, acompanhada da perspectiva de apenas dois cortes na taxa de juros em 2025, frente aos quatro cortes previstos anteriormente.
Esse cenário foi interpretado pelo mercado como um indicativo de que o Federal Reserve reluta em realizar cortes significativos na taxa de juros, especialmente em função das expectativas de um segundo mandato inflacionário sob Donald Trump. Como consequência, as taxas de juros subiram substancialmente no mês (40bps na taxa de 10 anos), e o S&P 500 encerrou dezembro com uma desvalorização de 2,50%, refletindo um movimento de aversão ao risco.
Apesar de dados econômicos saudáveis, a percepção de um Fed “hawk” transformou o ambiente de mercado, quebrando o ímpeto “risk-on” observado previamente. Os investidores foram compelidos a reavaliar suas posições, sugerindo que a cautela dominará as decisões até que surjam sinais mais claros de estabilização. As futuras dinâmicas de mercado estarão atentas não apenas aos próximos dados econômicos, mas também às políticas monetárias e às implicações de um cenário geopolítico incerto.
Nos próximos meses, estaremos atentos às medidas que deverão ser anunciadas pelo presidente Donald Trump e às possíveis implicações para os ativos de risco. Por ora, apesar de um ambiente mais volátil, mantemos otimismo com o mercado acionário americano e aproveitamos as dinâmicas de preços em dezembro para aumentar nossa alocação. Também estamos analisando proteções para essas posições, que incluem opções de venda no SPX e posições compradas em USD contra outras moedas globais. Além disso, mantemos uma posição tomada na inclinação 2×10 da curva de juros americana, que tem gerado bons resultados nos últimos meses.

 

Brasil 

Em dezembro, o cenário econômico brasileiro demonstrou uma resiliência surpreendente, mesmo diante do temido “fiscal-cliff” que se materializou no segundo semestre, reduzindo as transferências governamentais. O tracking do PIB para o quarto trimestre foi revisado para cima, de 0,4% para uma estimativa entre 0,6% e 0,7% em relação ao trimestre anterior, indicando uma recuperação mais robusta do que o esperado.
No entanto, o mix de crescimento revelou um viés mais inflacionário, com o consumo (C) superando os investimentos (I) como motor principal. O crédito às famílias segue elevado na modalidade livre, sustentando o consumo robusto. O mercado de trabalho também se destacou pela criação de novas vagas, embora, em sua maioria, de baixa remuneração.
Por outro lado, o aperto nas condições financeiras, combinado às restrições de crédito e à baixa geração de empregos no setor de construção civil, aponta para fragilidades nos investimentos futuros. Com o crescimento revisado para cima, incompatível com a geração de ociosidade, e a evidência de investimentos mais fracos, o cenário se torna ainda mais inflacionário e desafiador para o Banco Central.
A pressão inflacionária se manteve elevada e agora está mais difusa. Se em novembro a inflação estava concentrada em proteínas e itens sensíveis ao câmbio, em dezembro os serviços também passaram a pressionar. A inflação subjacente foi revisada de 4,5% para 5,2%, saindo da banda da meta.
O cenário fiscal foi marcado pela aprovação das medidas de ajuste propostas pelo ministro Fernando Haddad. Enquanto o governo projetava um impacto de R$ 72 bilhões, analistas estimam um efeito entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões, devido à diluição das propostas e à resistência legislativa.
Em resposta à piora da inflação, o Copom decidiu elevar a Selic em 100 bps, surpreendendo analistas que esperavam 75 bps, e sinalizou mais duas altas de mesma magnitude. O consenso para a Selic terminal foi rapidamente ajustado para 15%.
Nesse contexto, os ativos brasileiros sofreram: a curva de juros abriu 150-200 bps, o câmbio se depreciou 3,46% (apesar de intervenções do BC), e o Ibovespa caiu 4,28%.
Estamos sem posições relevantes no Brasil no momento, adotando estratégias mais táticas, como posições tomadas na curva de juros, vendidas em BRL e aplicadas em juros reais longos. Avaliaremos o aumento do risco no Brasil (positiva ou negativamente) de acordo com o contexto fiscal nos próximos meses.

 

Parcitas Investimentos

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