Julho/2022 – Parcitas Hedge FIC FIM

Mundo

 

Julho foi um mês de recuperação das bolsas globais com os índices americanos subindo por volta de 10%. Com exceção dos resultados das grandes empresas americanas, em particular do setor de tecnologia, que vieram melhores do que o temido pelo mercado, não vemos muitos motivos para tal recuperação. A inflação seguiu surpreendendo para cima em quase todo o mundo desenvolvido e os bancos centrais entregaram aumentos expressivos nas taxas de juros: o FED e o ECB subiram 75bps e 50bps, respectivamente. Apesar dessas fortes altas promovidas pelas autoridades monetárias, as taxas longas nos mercados futuros caíram. Conforme a política monetária avança em terreno contracionista e os efeitos da guerra na Ucrânia fazem-se sentir, notadamente na Europa, o medo de recessão ganhou novo fôlego, fazendo cair os juros longos. Através deste efeito nas taxas longas, curiosamente, o receio de recessão, que deveria ser ruim para as bolsas, acaba por ter o efeito inverso já que as taxas de desconto caem e o valor presente das ações sobe. Não concordamos muito com esse racional e aproveitamos para comprar mais proteção para a nossa carteira de ações americanas via o mercado de opções. Também voltamos a tomar juros, tanto nos E.U.A. como na Europa, conforme as precificações recuaram para níveis mais atrativos. Mantemos o entendimento de que a inflação segue bastante disseminada e entranhada  no mundo, o que deve exigir apertos monetários adicionais maiores do que os projetados pelas curvas futuras.

 

 

Brasil

 

No Brasil, os dados de atividade seguiram surpreendendo para cima e revisamos a nossa projeção para o PIB deste ano de 2,1% para 2,3%. O crescimento segue beneficiado pela alta no preço das commodities com uma ajuda extra do governo via medidas fiscais de desoneração tributária e distribuição de renda. Os efeitos totais dessas medidas devem ser sentidos na economia ao longo dos próximos meses, postergando, assim, a contração econômica esperada em função do aperto monetário em curso. A novidade concentrou-se no front inflacionário, onde observamos uma leve melhora na inflação corrente apesar de núcleos ainda pressionados. Essa melhora deve permitir ao Banco Central encerrar o ciclo de aperto monetário na reunião de setembro. Salvos novos choques, acreditamos que a política monetária já se encontra em território contracionista suficiente para permitir que a inflação caminhe para a meta no horizonte relevante, o qual se aproxima, cada vez mais, de 2024. Sendo assim, zeramos a nossa pequena posição tomada em juros e retomamos a discussão de timing de uma eventual posição aplicada. Entendemos que a melhora recente da inflação permite ao Banco Central encerrar o ciclo de alta de juros nos próximos meses, porém o início de um eventual ciclo de afrouxamento monetário ainda nos parece distante. O ambiente global de inflação, assim como o fiscal brasileiro, impõem ainda um risco altista para a inflação no Brasil, demandando cautela da parte do Banco Central. Com relação à Ibovespa, apesar do valuation aparentemente atrativo, ainda não vemos motivos para estarmos comprados na bolsa. Os riscos acima mencionados, somados às incertezas eleitorais, altas taxas de juros e elevada probabilidade de uma recessão americana, tem-nos deixados cautelosos com a alocação em Brasil, em particular, em bolsa. Seguimos com a posição de valor relativo vendida em Ibovespa e comprada em real. O carry atrativo, as contas externas ajustadas e preços de commodities ainda pressionados mantém-nos construtivos com essa posição.

 

 

 

 

 

 

Parcitas Investimentos

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