Mundo
Fevereiro foi mais um mês de dados fortes de atividade e inflação no mundo desenvolvido, em particular, nos E.U.A, onde alguns membros do FOMC sinalizaram a possibilidade de iniciar o processo de aperto monetário com uma alta de 50bps. Isso levou a uma nova rodada de reprecificação da curva de juros americana e a um novo sell-off nas bolsas, em particular, nos setores ligados a growth e tecnologia. O ambiente de risk-off se intensificou com os ataques russos à Ucrânia, colocando o mundo em alerta para o risco de escalada do conflito para outros países, caso a Rússia tente expandir a área sob sua influência. Embora seja muito difícil fazer previsões para questões geopolíticas, nos parece pouco provável um ataque a países membros da OTAN, o que poderia gerar um conflito de proporções muito maiores. De todo modo, o cenário global com inflação alta e bancos centrais em compasso de aperto monetário tornou-se ainda mais desafiador e reduzimos a nossa posição alocada na bolsa americana. Os hedges que possuíamos na carteira ajudaram a mitigar uma boa parte da queda nas bolsas. Destes hedges, zeramos as opções de venda no SPX ao longo da última semana de fevereiro, mas mantivemos a posição tomada na curva americana. Acreditamos que o conflito na Ucrânia pode retardar e alongar o aperto monetário nos E.U.A., mas trata-se de mais um choque inflacionário, devendo fazer com que o Fed mantenha a postura mais austera, iniciando o ciclo de aperto em março.
Brasil
Já os ativos brasileiros continuaram se beneficiar do fluxo estrangeiro para mercados emergentes, atraídos pelo novo rally nos preços das commodities e pelos juros locais novamente em 2 dígitos. O pragmatismo no discurso do Lula, somado à sinalização ao centro com o convite ao Alckmin para ser vice na chapa, também contribuiu para a boa performance dos nossos ativos. Temos debatido intensamente este rally em commodities e em países emergentes em um momento em que os juros americanos sobem e as bolsas caem. Parece haver uma reversão na alocação de ativos globais com um eventual fim da outperformance americana em termos de desempenho econômico. E com isso, o capital alocado nos E.U.A., nos últimos vários anos, começa a ser realocado para outros países e ativos. Ainda não estamos muito convictos desta tese e seguimos com pouco risco direcional em Brasil. Temos mantido a posição em valor relativo, vendida em Ibov e vendida no dólar, que se beneficia da Selic alta e de uma perspectiva de crescimento ainda ruim, apesar de alguma melhora na margem. Aumentamos também a posição tomada em juros locais com mais uma surpresa altista no IPCA e com o Banco Central sinalizando que combaterá eventuais novos choques de oferta. Vale notar que os recentes acontecimentos na Ucrânia adicionam ainda mais pressão à inflação, devendo beneficiar tanto a posição de valor relativo quanto a tomada em juros.